Quando mudar a fórmula de um produto?

Com a pandemia, a busca por cosméticos se tornou mais frequente, resultando em um crescimento econômico nessa área. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, o Brasil é o quarto maior consumidor desse setor no mundo, ficando atrás dos Estados Unidos, China e Japão.

A procura pela beleza, saúde e bem-estar trouxeram consigo novas tendências no mercado, como aClean Beauty, que traduzida para o português significa “beleza limpa”, e trata-se de formulações que não prejudicam a saúde da pele e que também atuam na preservação do meio ambiente.

 

Atualmente, existe uma busca constante por cosméticos naturais e uma maior atenção e procura dos consumidores por princípios ativos específicos que estão em alta, como por exemplo, o ácido hialurônico e a Vitamina C.

As tendências do mercado precisam ser levadas em conta tanto para desenvolver novos cosméticos, quanto para saber quando é preciso mudar a formulação de um produto.

Mas antes de falarmos sobre isso, vamos entender mais um pouco sobre as formulações?

FORMULAÇÕES COSMÉTICAS

A formulação cosmética é como uma “receita” para o desenvolvimento do produto. Nela contém as matérias-primas necessárias, suas quantidades (geralmente em %), funções, modo de preparo e técnicas que serão utilizadas. 

Com o intuito de facilitar o entendimento, a composição dos cosméticos podem ser classificadas em três categorias: 

  • Princípio ativo: é o responsável pela ação específica do produto e por isso costuma aparecer em destaque no rótulo. Podem ser de origem animal, mineral ou vegetal;
  • Componentes adjuvantes: possuem ação modificadora ou corretiva. Os de ação corretiva, como o próprio nome já diz, possui o intuito de corrigir a cor e o aroma através de corantes e fragrâncias, respectivamente, com o intuito de garantir que o produto seja mais bem aceito pelo consumidor. Já os componentes de ação modificadora alteram a característica da base cosmética, como umectantes, silicones, tensoativos, ceras, etc;
  • Veículos e excipientes: os veículos são líquidos e os excipientes são sólidos ou semi-sólidos responsáveis por proporcionar estabilidade aos cosméticos, completando o volume ou a massa, representando a maior porcentagem da formulação do cosmético, juntamente com os adjuvantes. 

 

ANVISA X MODIFICAÇÕES NAS FÓRMULAS

É preciso se atentar às regulamentações quanto ao processo de modificação da fórmula do produto. A Instrução Normativa-IN 69, de 1º de setembro de 2020 aborda sobre a inclusão de nova fórmula na rotulagem de cosméticos quando alterada sua composição. 

Art. 4º Os produtos de higiene pessoal, incluindo os descartáveis, cosméticos e perfumes que sofrerem modificações de fórmula, deverão apresentar uma das frases a seguir em destaque, posicionada no painel principal da rotulagem:

I – “NOVA FÓRMULA”; ou

II – “NOVA COMPOSIÇÃO”

Além disso, neste documento estão dispostas informações quanto aos critérios gráficos que devem ser respeitados na apresentação da embalagem.

Essa Instrução Normativa entrou em vigor no dia 1º de setembro de 2021 e o não cumprimento das normas constitui como infração sanitária, estando sujeito a penalidades. 

Agora que já sabemos mais um pouco sobre formulações cosméticas e suas normas perante a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, discutiremos mais sobre quando mudá-la, bem como sua importância. 

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS NO RAMO DE COSMÉTICOS

A pandemia e o consequente isolamento social impulsionou a adoção de novos hábitos pela população, como o de realizar compras online, inclusive de produtos para cuidados com a pele e cabelo. Existe uma maior conscientização dos consumidores em relação à procedência e formulações dos cosméticos, havendo uma maior procura por aqueles mais sustentáveis e com ingredientes naturais. Com isso, os fabricantes têm apostado em se adequar às demandas do mercado e nas modalidades de waterless beauty e clean beauty

Waterless beauty

De acordo com o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2021, o consumo global de água doce aumentou seis vezes durante os últimos cem anos e a indústria é responsável pelo consumo de 20% desse valor. Nesse contexto, a waterless beauty é uma modalidade de formulações sem água, dando preferência para produtos com texturas sólidas e óleos naturais, aliada nesse desafio de poupar água. 

Além da economia de recurso hídrico, essa categoria apresenta outras vantagens como: 

  • Dispensação de embalagens de plástico, optando por papéis recicláveis ou biodegradáveis; 
  • Produtos de formulações anidras (sem água) são mais suaves e com menor risco de possíveis reações alérgicas; 
  • Mais praticidade no transporte de cosméticos sólidos, uma vez que o mesmo não tem o risco de vazar; 
  • Maior durabilidade do produto.

Outros ingredientes podem substituir a água nas fórmulas como extrato de mel, óleo de jojoba, óleo de semente de camélia, óleo de caroço de damasco, e muitos outros. 

Clean beauty

Clean beauty, é traduzido como “beleza limpa” para o Português, e para um produto se encaixar nessa categoria, o mesmo não pode conter ativos que causem malefícios para a pele, como irritações cutâneas ou alterações hormonais, ou que prejudiquem o meio ambiente.

“Esse movimento também preza pela transparência das marcas ao descrever os ativos que compõem um produto. Isso não quer dizer apenas listar todos os ingredientes que fazem parte da formulação com nomes técnicos, mas também não enganar o consumidor com termos genéricos, como ‘fragrância’, para ocultar certos ingredientes ou com promessas falsas que o produto não é capaz de cumprir”, ressalta a dermatologista Dra. Claudia.

É nessa vertente de beleza limpa que surgem os denominados cosméticos naturais. Para se encaixar nessa categoria, é preciso que os ingredientes utilizados possuam ingredientes que tenham processos físicos e químicos autorizados. Além disso, existem outros requisitos que precisam ser cumpridos como embalagem reciclável e a proibição da utilização de fragrâncias e corantes sintéticos, bem como a proibição de realização de testes em animais (somente são liberados ingredientes que não geram dor ou sofrimento para a extração dos animais, como leite e mel). Nas fórmulas de cosméticos naturais é frequente encontrarmos:

  • Extratos vegetais;
  • Óleos vegetais;
  • Óleos essenciais;
  • Manteigas vegetais;
  • Corantes e pigmentos naturais.

 

QUAL É O MOMENTO DE MUDAR A FÓRMULA?

Alguns fatores são determinantes na decisão de mudar a formulação de um cosmético, são eles:

  • Quando o produto está causando irritações cutâneas como acne, ardência, vermelhidão ou coceira;
  • Quando determinado componente sofre alta no preço de mercado, é possível substituí-lo por um mais barato, sem que a qualidade do produto seja prejudicada; 
  • Necessidade de se adequar às novas tendências do mercado, sejam nas modalidades de formulações ou nos princípios ativos em alta do momento.

Dessa forma, o fabricante estará sempre atualizado sobre as demandas do mercado, aumentando suas vendas e estando a par da concorrência. Assim, é possível gerar uma maior credibilidade para o produto e fazer com que os clientes fiquem ainda mais satisfeitos. 

 

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