É possível evitar testes de cosméticos em animais?

O Projeto Genoma, responsável por decifrar o código genético de diferentes organismos pelo mundo todo, apresentou a todos a notícia de que homens e ratos compartilham um número extraordinário de genes. A diferença entre ratos e homens está contida em apenas 300 genes. Nunca se pensaria que os humanos estivessem tão perto de um animal que é tratado de uma forma assustadoramente desumana na indústria de cosméticos.

A PETA – People for the Ethical Treatment of Animals – que é uma organização não governamental com a missão de lutar pelos direitos dos animais levando informação e financiando pesquisas na área, relatou que mais de 100 milhões de animais são mantidos no mundo inteiro para serem usados em algum tipo de teste ou demonstração. Certifica-se de que os animais são usados desde o século XX para esses fins.

A discussão sobre a ética de usar ou não animais para testes engloba diversas áreas, a economia, a política e a ciência principalmente. Levando em conta esses e outros pontos importantes, dois cientistas ingleses, Rex Burch e William Russell, realizaram um estudo sobre o tema em 1959. De acordo com o estudo feito, as normas estabelecidas pelos cientistas, que seriam os pilares para melhorar e um dia resolver o problema com a experiência em animais, era proposta pelos “três Rs da experimentação animal”, do inglês Replacement, Reduction and Refinement, que traduzem para Substituição, Redução e Refinamento.

A Substituição tornaria obsoleto o uso de animais porque seria criterioso para apontar outros modos para a realização dos testes. A Redução seria representada por métodos que diminuiriam a quantidade de animais necessária para fazer os experimentos, fazendo o teste em um número menor de animais ou aumentando o número de dados conseguidos por meio do uso de um grupo menor. O Refinamento é o aperfeiçoamento pensado para tornar a situação das cobaias a melhor possível, desde onde elas são criadas até os testes que serão feitos, formas de amenizar a dor e danos permanentes.

As tentativas de conscientização atuais

Em 2012, uma ativista pelos direitos dos animais chamada Jacqueline Traide, de 24 anos, foi o rosto de um protesto feito nas ruas de Londres. Jacqueline ficou exibida na vitrine de uma das lojas da Lush Cosméticos, uma das organizações parceiras no protesto, em uma das ruas mais movimentadas da cidade. Durante a exibição, que teve a duração de 10 horas, a jovem moça foi torturada de jeitos parecidos com que os animais são torturados a fim de que os experimentos sejam feitos.

O seu cabelo foi raspado, foi forçada a se alimentar com a boca imobilizada, produtos irritantes foram colocados em seus olhos e foi injetada com diversas agulhas. Essa cena chocante teve o objetivo de conscientizar as pessoas que passavam e fazer com que elas fossem obrigadas a presenciar os horrores que ficam escondidos dentro de laboratórios de cosméticos.

No início do ano de 2021, em abril, foi divulgado um curta metragem no Youtube chamado Save Ralph (Salve o Ralph, em português) no canal da The Humane Society. O curta é uma entrevista sobre a história de Ralph, um coelho que “trabalha” em um laboratório de testes, onde ele conta sobre o que ele faz e todos os seus problemas por causa dos experimentos. A repercussão do vídeo foi inesperada 

pelo mundo todo, e #SaveRalph foi usada para levar a conscientização desse problema a outras pessoas; no Brasil foi lançada uma dublagem para que mais pessoas fossem informadas.

Fonte da imagem: Cine POP

 

A Legislação Brasileira

O Brasil não conta com nenhuma lei federal que proíba por completo o teste em animais no país. Oito estados possuem leis próprias que bloqueiam os experimentos na indústria de cosméticos: Amazonas, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Apesar de terem conseguido colocar um certo limite por meio dessas leis, esses estados são frequentemente atacados judicialmente por empresas do ramo tentando descredibilizar as normas e burlar a lei.

O país apresenta alguns projetos de lei com a finalidade de conscientizar a população. O Projeto de Lei 2470/2011, do deputado Ricardo Izar, pretende regulamentar que o fabricante terá o dever de informar se animais vivos foram usados no desenvolvimento de algum cosmético. Célio Studart é responsável pelo PL 948/2019, que proíbe o uso de animais para testes de produtos cosméticos, perfumes, limpeza e higiene pessoal. Este deputado também é autor do PL 2560/2019 que daria aos produtos o selo “Livre de Crueldade”.

Segundo a Forbes em 2020, o Brasil é o quarto país do mundo que mais lucra e produz na área de produtos de beleza, e esse lucro só cresce com o passar dos anos. Sabendo disso, é possível compreender a razão pela qual os produtores não escolhem, por si próprios, mudar o jeito com que fazem as coisas. Pois a moda antiga ainda funciona e a mudança não é obrigatória.

Apesar disso, existem diversos métodos alternativos ao teste em animais reconhecidos pelo Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal), e aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que podem ser utilizados para registrar cosméticos no país. E caso existam dois métodos, um com animal vivo e outro sem animal, é obrigatório o uso do último.

 

Métodos substitutos 

Assim, para que seja possível evitar o teste de cosméticos em animais é necessário que esta troca esteja beneficiando todas as partes envolvidas nesse mercado gigantesco.

O primeiro ponto a ser analisado é o gasto dos dois tipos de testes, com e sem animais. Os testes com cobaias podem ser mais caros por causa de todos os custos exigidos para assegurar e manipular a cobaia.

Um outro ponto seria o fato de que os testes em animais nem sempre traduzem o que aconteceria com um humano. A aspirina, por exemplo, é tóxica para animais, porém serve para tratar diversos sintomas nos humanos, e é bem recebida pelo organismo quando usada na dose certa. Pelo contrário, a Talidomida era um medicamento utilizado nos anos 50 para tratar enjoos de gravidas, e posteriormente descobriu-se que ela causava má formação nos fetos. 

 

Na época que Burch e Russell lançaram os “três Rs da experimentação animal” os testes substitutivos eram feitos em plantas e microrganismos, mas hoje o avanço tecnológico permite que tudo vá mais longe e melhor:

  • Em 2013, Martin Karplus, Michael Levitt e Arieh Warshel receberam o Nobel de Química em razão de uma pesquisa que realizaram onde sistemas de computadores são capazes de prever reações químicas. Dessa forma, é possível antecipar a reação que alguma droga ou produto poderia dar em seres humanos;
  • Culturas de células in vitro são usadas para a manipulação de algum reagente que possa causar irritação na pele;
  • A impressão 3D é uma outra alternativa. A bioimpressão de pele artificial a partir de células e tecidos retirados em cirurgias, com o consenso do paciente. Essa nova pele é completa, com os mesmos tecidos e camadas do que a pele normal. Um exemplo de empresa que já usa esse método é o Grupo Boticário;
  • Ovos galados podem ser usados para verificar a toxicidade para os olhos de alguns produtos ao serem colocados em contato com a membrana, porque quando observa-se hemorragia significa que esse produto é tóxico. 

 

Portanto, além de ser possível evitar os experimentos de cosméticos em animais porque as inovações já foram inventadas para esse propósito, essa nova era de tecnologia e mudança faz com que os laboratórios se adaptem. Assim serão criadas novas matérias primas e novas formas de realizar testes. Então o futuro do mercado de cosméticos é ainda maior do que o que se vê hoje.

Muitos produtos possuem a logo do movimento “cruelty free” ou tem escrito “não testado em animais” para mostrar que essas empresas aderem ao movimento. A PEA, ou Projeto Esperança Animal, é um site nacional, criado por Gabriela Toledo, que agrupa uma lista de todas as empresas nacionais que não usam seus produtos em animais.

Para que todo o mercado saia da zona de conforto, é preciso que os indivíduos exijam de suas marcas preferidas um posicionamento e um plano para mudar o jeito como as coisas são feitas. O bem feito aos animais também é um bem feito para a sociedade.

 

Como a Ecofarma Jr. pode te ajudar:

Somos especialistas em auxiliar empresas do ramo de cosméticos, principalmente com o desenvolvimento de formulação onde não fazemos nenhum tipo de teste em animais. Além disso também fazemos pesquisa de mercado para terceirização, englobando especificidades de acordo com a necessidade do cliente, caso seja seu desejo tercerizar sua produção em uma empresa que não realiza testes em animais, nós conseguimos te auxiliar no processo da busca dela. Entre em contato para saber mais.

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