Já é de “praxe” dizer que a água de qualidade é de extrema necessidade para a vida e produção de alimentos. Mas e aí, você sabe quais parâmetros fazem com que a água seja considerada potável?
Em uma rápida pesquisa pela internet é possível encontrar que água potável é aquela que está apta para o consumo humano, sem contaminação para não oferecer risco de doenças e que esteja dentro do que é estabelecido pelo Ministério da Saúde (MS). Veja que o conceito de potabilidade está além da ideia comum relacionada aos parâmetros visuais e sensoriais da água, ou seja, se está incolor, insípida e inodora. Porém, há situações que mesmo correspondendo a esses fatores, podem causar sérios danos à saúde humana.
Imaginemos uma possibilidade: Um final de semana na praia com amigos e como não conhecem os restaurantes locais decidem dar uma volta pela cidade a procura de uma lanchonete bacana para satisfazer a fome do dia inteiro na praia, só que, após mais ou menos 12 horas aparece sintomas de diarreia em toda galera. Que situação!
Agora, pensaremos como proprietários do estabelecimento: E se por ver a gravidade dos sintomas, esses amigos decidiram denunciar a lanchonete para a Vigilância Sanitária? Após a inspeção o restaurante pode ser autuado, o que pode levar a interdição do local de trabalho, apreensão de produtos e equipamentos e até multas!
O que as pesquisas mostram sobre doenças hídricas e alimentares no Brasil?
Infelizmente no Brasil isso não é incomum, as doenças de transmissão hídrica e alimentar (DTHA) são casos de internações e mortalidade em todo mundo e em nosso país. Os agentes etiológicos, nome dado para vírus, parasitos, bactérias e suas toxinas, relacionados a DTHA, levaram a gastos maiores de R$ 210 milhões em 2010. Em dados mais recentes, essa história não é diferente, em 2017 para cada 10 mil habitantes 12,46 foram internados por essas doenças custando cerca de R$ 99 milhões em despesas.
Por isso, todos devem dar a devida importância aos parâmetros de potabilidade da água. No ano de 2017, foram estabelecidos na Portaria de Consolidação n° 05, anexo XX, os mais de 90 parâmetros de controle e de vigilância, sob os critérios físicos, químicos e biológicos, sendo:
- Testes físicos, indicados pelas propriedades detectadas através dos sentidos, como a cor, odor, sabor, entre outras;
- Já os testes químicos são determinados pelas quantidades de substâncias minerais e orgânicas que afetam a qualidade da água;
- E os testes microbiológicos são aqueles que mostram a presença de bactérias e outros microrganismos prejudiciais para a saúde humana.
Vejamos a seguir os principais ensaios mínimos para serem executados:
Potencial hidrogeniônico (pH): mede a concentração de íons H+, indica se a água está ácida (pH baixo), neutra (pH = 7,0) ou alcalina (pH alto).
Cor aparente: como naturalmente a água é transparente, a presença da cor é sinal de que está com uma quantidade alta de alguma substância, como ferro ou manganês, algas ou introdução de esgotos industriais e domésticos, entre outros.
Turbidez: mede a propriedade óptica de absorção e reflexão da luz, de maneira geral. Mede a transparência da água de acordo com a presença de materiais sólidos flutuando como argila, organismos microscópicos, entre outras partículas.
Cloro livre: a presença indica que possivelmente essa água passou por algum tratamento de desinfecção.
Sólidos totais dissolvidos: avalia a quantidade de material dissolvido na água (orgânicos e inorgânicos), afeta negativamente a palatabilidade.
Microrganismos presentes: importante parâmetro o qual analisa quais microrganismos estão presentes na amostra e a quantidade. Por isso, alguns testes importantes são: a contagem das bactérias totais; coliformes totais, presença de E. coli e, coliformes termorresistentes.
Tabela 1 – Especificação de potabilidade
Ensaio | Especificação |
pH | 6,0 – 9,5 (recomendação) |
Cor aparente | No máximo 15,0 UH |
Turbidez | No máximo 5,0 UT |
Cloro residual livre | No mínimo 0,2 ppm (obrigatório)
No máximo 2,0 ppm (recomendado) |
Sólidos totais dissolvidos | Máximo 1000 ppm |
Contagem total de bactérias | Máximo 500 UFC |
Coliformes totais | Ausência em 100 mL |
Presença de E. coli | Ausência em 100 mL |
Coliformes termorresistentes | Ausência em 100 mL |
Referência: [ADAPTADO] Júnior e Miguel ([20–])
Como são definidos os padrões de qualidade da água:
Em função do seu uso, é possível saber os teores máximos de impurezas permitidos na água. Por isso, os padrões de potabilidade da água destinada para abastecimento humano são diferentes das águas para fins de recreação de contato primário, para irrigação ou destinada ao uso industrial.
E é importante destacar que mesmo para indústrias, existem alguns requisitos variáveis da qualidade da água, dependendo de qual processo ela irá passar. Nos mananciais, uma forma de definir a qualidade da água é dividir em classes de acordo com o uso proposto e estabelecendo critérios e condições que serão atendidos.
É importante ressaltar que a água, quando está em condições inadequadas de potabilidade, pode causar doenças ao ser humano, como cólera e leptospirose. Sendo assim, é de suma importância que a análise de água seja realizada semestralmente. É importante salientar também que para uma amostra de água ser considerada potável, é preciso que todos os parâmetros analisados estejam adequados.
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