Como descartar medicamentos vencidos e não utilizados de forma ambientalmente correta?

O Brasil está entre os 10 países com maior consumo de medicamentos no mundo, o que levanta uma questão crucial: qual é o destino adequado de tantos medicamentos comprados e distribuídos? O descarte inadequado de remédios, especialmente dos vencidos ou dos não utilizados, é um problema sério, tanto para a saúde pública, quanto para o meio ambiente. Jogar medicamentos no lixo comum ou na rede de esgoto pode causar danos significativos, e, por isso, é fundamental conhecer as práticas corretas para eliminá-los de forma segura.

 

Os Riscos do Descarte Inadequado

O principal motivo do descarte inadequado de medicamentos é a falta de conhecimento sobre os danos que os fármacos causam à natureza, o que limita a compreensão dos impactos ambientais severos. Além disso, a ausência de ações educativas e campanhas de saúde coletiva dificulta a divulgação das informações necessárias para a população. Embora existam legislações e protocolos estabelecidos para o descarte correto, a falta de fiscalização, a flexibilidade das políticas públicas e o crescimento da indústria farmacêutica no país contribuem para o agravamento do problema.

Medicamentos vencidos ou em desuso, sejam eles  industrializados ou manipulados, devem ser descartados corretamente, isso porque, seu uso fora da validade pode ser ineficaz ou até prejudicial, já que sua composição química se altera com o tempo. Além disso, o descarte incorreto pode contaminar o solo e a água, prejudicando a fauna e a flora, e afetando diretamente os alimentos que consumimos. Outro risco importante é o desenvolvimento de superbactérias, resistentes aos medicamentos descartados inadequadamente, como os antibióticos.

Devido às características físico-químicas dos fármacos, grande parte deles não é totalmente degradada nas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETARs). Esses resíduos podem persistir no meio ambiente por longos períodos, causando um efeito cumulativo e agravando a poluição.

 

A Solução: Pontos de Coleta de Medicamentos

Em resposta a esse problema, o Governo Federal regulamentou, em 2020, a obrigatoriedade de pontos de coleta para medicamentos vencidos ou em desuso, localizados em farmácias e drogarias. De acordo com a legislação, deve haver pelo menos um ponto de coleta para cada 10 mil habitantes em cidades com mais de 500 mil moradores. Atualmente, existem mais de 4 mil pontos de coleta em todo o país. Para facilitar o acesso, o site logmed fornece uma lista de farmácias e drogarias que oferecem esse serviço em cada cidade. 

A orientação para o descarte correto é que o medicamento não seja retirado da embalagem primária, ou seja, aquela que teve contato direto com o medicamento (frasco, blister). No caso de materiais perfurocortantes (seringas, agulhas), devem ser armazenados em garrafas PET com tampa e entregues para coleta em hospitais ou postos de saúde.

Os medicamentos descartados são, em sua maior parte, destinados ao tratamento por processos térmicos, como a incineração. Já os perfurocortantes são descontaminados antes de serem descartados como materiais sólidos. Materiais que não tiveram contato direto com o medicamento, como embalagens secundárias e bulas, podem ser descartados nos pontos de coleta, sendo destinados à reciclagem, pois são feitos de papel e papelão.

 

O Impacto do Descarte Correto 

A prática do descarte correto ajuda a evitar a automedicação e a intoxicação acidental, além de proteger a população e o meio ambiente dos riscos associados ao descarte incorreto.

Vale ressaltar que a doação de medicamentos domiciliares, embora pareça uma prática solidária, pode incentivar a automedicação, um hábito perigoso que ignora as condições específicas de cada pessoa. Além disso, a doação compromete a rastreabilidade e o controle de qualidade desses produtos, reforçando a importância de descartá-los corretamente, em vez de repassá-los a terceiros.

Em conclusão, o descarte correto é uma responsabilidade coletiva, envolvendo consumidores, profissionais de saúde, o Governo e a indústria farmacêutica. Iniciativas como a logística reversa, o aumento de pontos de coleta, o reforço da conscientização pública e o investimento em tecnologias sustentáveis garantem uma melhor gestão dos resíduos farmacêuticos e previnem os riscos à saúde pública e ao meio ambiente.

 

Referências 

Campanha quer aumentar descarte correto de medicamentos no Brasil. Crfse. 2024. Disponível em: https://crfse.org.br/noticia/1530/campanha-quer-aumentar-descarte-correto-de-medicamentos-no-brasil. Acesso em: 08 Out. 2024.

Como descartar medicamentos. Roche. 2024. Disponível em: https://www.roche.com.br/solucoes/farmaceutica/como-descartar-medicamentos#34dd8f7c-e6d6-40b4-9ecc-bd0a4d28c8da. Acesso em: 08 Out. 2024. 

Como descartar medicamentos corretamente. Agência Brasil. 2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-10/agencia-brasil-explica-como-descartar-medicamentos-corretamente#:~:text=A%20sugest%C3%A3o%20%C3%A9%20armazen%C3%A1%2Dlos,e%20utilizados%20de%20forma%20indevida. Acesso em: 08 Out. 2024. 

Descarte de medicamentos e os impactos ambientais: uma revisão integrativa da literatura. Scielo. 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/6wySXdYtDxp3vjcnxM8sWyH/#. Acesso em: 08 Out. 2024. 

Do armazenamento ao descarte: saiba como guardar remédios ou jogar fora os que estão em desuso. Gov. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-sanitaria/2022/12/do-armazenamento-ao-descarte-saiba-como-guardar-remedios-ou-jogar-fora-os-que-estao-em-desuso. Acesso em: 08 Out. 2024.

Sistema de Logística Reversa de Medicamentos Domiciliares de Uso Humano, Vencidos ou em Desuso, e suas Embalagens. Logmed. 2024. Disponível em: https://www.logmed.org.br/. Acesso em: 08 Out. 2024

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